Sobre a magia das avós



Uma das coisas mais mágicas que inventaram na vida foi as avós. As avós são seres especiais, quase mitológicos. Elas carregam uma magia com elas que permeia a nossa infância, ultrapassa a adolescência e chega na vida adulta com aquele sabor gostoso dos tempos em que éramos crianças. 



Casa de vó tem um imã delicioso e cheiro de comida gostosa. Pensar na avó te remete a um tempo da sua vida no qual você não tinha nenhuma preocupação. Eu tive a sorte de ser premiada por 24 anos e meio da minha vida com a presença da avó perfeita. Sabe aquelas avós de novela? Aquelas que são tão fofas que você não consegue pensar em perder a paciência mesmo no ápice de seus hormônios juvenis? Eu tive.



Minha avó sempre foi muito preocupada com os netos. Era o braço direito, esquerdo, as mãos e os pés da minha mãe e da minha tia, pau pra toda obra com o maior amor. Olhava os netos como se estivesse olhando os próprios filhos. Abria sua casa para as mais diversas brincadeiras. Participava das brincadeiras. Dava broncas quando necessário, porque naquela época ainda deixavam as avós darem broncas. Deixava a gente bagunçar o quintal, a sala, a varanda, o quarto. Só não podia bagunçar os santinhos, claro, que tanto a apoiavam em suas diversas rezas pela gente. Minha avó dava atenção, dava colo, dava doces. Aqueles doces de infância mesmo. Se minha infância tem sabor de dadinho, dan top e chocolates de guarda-chuvinha, é por causa dela. Lembro de abrir o saco com a minha irmã e dividir dadinho por dadinho para ninguém sair na desvantagem. Sempre sobrava um. Os donos do dadinho nunca pensaram que dois irmãos poderiam querer dividir aquele saco?



Mas minha avó sempre se preocupou com a nossa saúde. Como boa avó, tinha os bolsos cheio de doces e o armário cheio de bolacha waffer. Mas não sossegava enquanto todos não comiam toda a comida que estava na mesa. E comida de vó tem um sabor especial, mas sempre pensa no lado nutritivo - mesmo nos anos 90, quando ainda se era permitido comer carboidratos e sobremesa depois do almoço. Então era aquele prato com feijão, arroz, polenta e carne moída acompanhado de salada de alface e tomate que só sua avó sabia fazer e temperar. E os pratos especiais? Aquele prato que você pensa que é basicamente um segredo de família, mas que infelizmente ninguém mais teve a capacidade de herdar o dom? Faz cinco anos que eu não como o melhor nhoque do mundo. Não sei se é a batata, a mão de vó ou o amor em nutrir seus netos, mas a minha avó sempre foi a responsável pelo melhor nhoque do mundo. E mesmo comendo aquelas coisas todas gordas de avó, a gente teve uma infância saudável, feliz e dentro do peso. Talvez porque tínhamos uma casa de vó para correr. 



Enquanto você cresce, a sua avó se torna aquele ser importante em todas as fases da sua vida. Ela precisa estar nos seus aniversários, nas suas formaturas de colégio e faculdade, conhecer aquele seu primeiro namorado sério - e o aval dela conta muito nessa hora -, ser a primeira convidada do seu casamento e estar lá na primeira fila te vendo entrar de noiva. Porque ela costurou um relacionamento afetivo com você sua infância inteira, esteve ali perto na adolescência e se torna figura essencial na sua vida adulta. Ela cuidou de você, cozinhou, rezou, amou, torceu, comemorou. Ela foi sua mãe com açúcar e sempre teve orgulho da pessoa que você se tornou. Ela se enxergava em você e você se enxergava nela. Cinquenta anos separavam vocês, mas você sabia que em algum momento em sua linha do tempo, se identificaria com ela. 



E talvez por isso perder a avó seja a primeira grande perda que temos na vida, quando as coisas acontecem de modo natural. A avó consegue ser uma figura tão humana e tão celestial ao mesmo tempo que é como se você sempre soubesse que um dia isso aconteceria, mas nunca esperava que esse dia chegasse. Porque você pode ter crescido, mas nunca é maduro o suficiente para lidar com a distância física de uma pessoa que se fez tão presente na sua vida. Sem tocar, sem abraçar, sem beijar. Você sabe que é a ordem natural das coisas. Mas não consegue não ser egoísta ao ponto de achar injusto perder esse ser tão importante no seu dia a dia. O tempo passa, a dor diminui, a saudade fica. A saudade fica e traz a certeza que a semente do amor plantada por aquela senhorinha simpática que tanto carinho tinha pela sua família permanece. E de certo modo, a figura dela continua presente. Porque avós são seres celestiais. E são eternas. Quase seres mitológicos. E ninguém consegue apagar da nossa vida uma das figuras mais importantes da nossa infância.





Homenagem a Dona Paula, melhor vó do mundo, que há cinco anos cuida da gente lá de cima! <3


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