Sobre o cansaço das mães






Deixa eu te contar um segredo: as mães cansam. Sim, elas cansam. Ao contrario do que diz o senso comum de que mães são super mulheres que resolvem todos os problemas e trabalham 24h por dia sem descanso, elas são seres humanos normais. E cansam. E querem dormir. Querem ir ao banheiro. Tomar um banho relaxante ou almoçar vendo TV. As mães cansam, mas ninguém deixa que elas sintam ou assumam isso.


É preciso ter mais empatia com as mães. Essa história de que ser mãe é padecer no Paraíso é lenda urbana que criaram para aumentar a carga materna e deixar que quem pariu Matheus que o embale. É preciso de uma aldeia para se criar uma criança, mas todos voltam para sua oca quando percebem que esse trabalho demanda dedicação. E a mãe está sempre lá. A mãe sempre está lá porque a natureza é sábia: fez os bebês fofos o suficiente para não terem um choro negado e os peitos espertos o bastante para encher de leite ao primeiro resmungo.


A mãe vai lá, com as olheiras, o cansaço físico e mental, a dor no corpo que nem sabe mais onde começa ou termina, a vontade de fugir de tudo (mas levar o filho junto). A mãe vai lá porque sabe que aquele bebê depende dela. A mãe vai lá porque ela aprende a assumir o seu papel. A mãe vai lá porque o amor é gigante. O cansaço também, mas o amor é mais.


A mãe vai lá porque apesar do corpo que não se sustenta mais e dos olhos que se fecham sozinhos com o neném mamando, ela não se sente no direito de descansar. Ela aprendeu que ela é capaz, que ela pode, todas sempre fizeram, por que ela não faria? Por que justo ela se cansaria? Sua avó conseguiu cuidar de cinco, sua mãe de três, ela há de dar conta de um. Maldito daquele que inventou que ser mãe é padecer no Paraíso. Ela respira, sorri e vai. Porque aquele ser tão bochechudo e tão frágil precisa dela. Aquele ser de sorriso fácil não sabe como veio parar nesse mundo e enxerga nela todo o seu universo. Ela cansa. O corpo dói. Mas aquele olhar com aqueles olhinhos curiosos e esbugalhados, cheios de amor por ela, compensa. Aquele olhar de quem não enxerga suas olheiras, seu cabelo desgrenhado, seu corpo disforme, suas estrias. Para aquele serzinho, ela é sinônimo da perfeição. E aquilo enche seu coração cansado de amor.


Então a mãe continua, dia apos dia. Não se sente no direito de reclamar. Não se sente no direito de descansar. Sente como quase se não tivesse mais direitos. Como se suas vontades de nada mais valesse. Como se fosse anulada como ser humano: ela não é mais uma mulher, ela é mãe. E ai dela se ousar reclamar. É ingrata. Não enxerga o presente que ganhou. Não sabe enfrentar a realidade. Bebês são lindos. O filho está saudável. Por que ela reclama?


Mas as mães precisam de aval pra descansar. Precisam de uma rede de apoio que esteja lá por elas. Que olhe o bebê, que cuide delas. Que permita que elas se reencontrem como mulher. Como ser humano. Que não deixe que elas se anulem. Que faça com que elas entendam que para cuidar bem do bebê, elas precisam se cuidar. Precisam de um pai presente. Uma mãe que ajude. Uma sogra que não julgue. Um avô que ouça. É preciso ter mais empatia pelas mães. Porque as mães, elas cansam. E o mundo não precisa transformar o seu pequeno paraíso em um castigo por causa disso.






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