Oito coisas para não se falar com uma grávida



Dizem que quando você entra no mundo da maternidade, a primeira coisa que você precisa se preparar é com os pitacos alheios. E isso não é simplesmente depois que o bebê nasce: a partir do momento em que você faz xixi no palitinho e dá de cara com dois risquinhos, se prepara amiga! Todo mundo sabe tudo sobre a sua vida, menos você. 


É incrível a quantidade de conselhos, opiniões, broncas e sermões que as pessoas têm para dar para uma grávida. Não sei o que acontece com a cabeça da população, mas todo mundo parece ter certeza absoluta de que a grávida não sabe como lidar com a sua vida e a vida que está gerando. Acontece que a gestação é um dos momentos mais mágicos da sua existência, mas também um dos momentos no qual você está mais sensível e sem paciência. Esse turbilhão de hormônios que invade nosso corpo para gerar um novo ser humano faz com que a gente vá do estágio das lágrimas para o instinto assassino em três segundos. E para isso basta uma palavra mais torta. Ou um comercial de TV.


Então, se você não quer ser a pessoa responsável por fazer uma grávida chorar no meio do nada ou teme pela sua integridade física, decidi separar alguns tópicos para você imprimir e guardar no bolso e lembrar de nunca abordar com uma gestante. Ok? Tome nota. Pelo bem de toda a humanidade.



OITO COISAS PARA NÃO SE FALAR COM UMA GRÁVIDA

UOL



1) Nossa, como você engordou.


Nisso entra as variantes de "quanto você engordou?" e "nossa que barrigão, tem certeza que é só  um?". Já falei aqui sobre peso de grávida ser domínio público. Essa é uma questão que mexe muito com a maioria das grávidas. Justamente porque além das cobranças dos médicos, nós já temos nossa própria cobrança sobre um assunto que nem sempre depende da nossa vontade. Porque você pode comer da forma mais saudável possível, fazer todos os exercícios indicados, todas as drenagens, mas o corpo humano não é uma matemática exata e nem sempre isso reflete na balança. Esse é um tópico bem delicado para uma gestante. Sem contar a vaidade feminina que nos foi incumbida por todos esses anos. Se falar de peso não é um assunto muito bom para uma mulher comum, quem dirá para uma que está recebendo uma chuva de hormônios? Nunca, em hipótese nenhuma, comente sobre o peso de uma grávida. No máximo um: "você está linda" está ótimo. A gente sabe quando vocês estão mentindo, mas Cazuza já dizia que mentiras sinceras às vezes nos interessam. 


2) Você vai colocar ESSE NOME no seu bebê???


Decidir o nome de um outro ser humano é uma tremenda responsabilidade. Você já parou para pensar nisso? O nome é nossa identidade, é algo que carregamos para o resto de nossas vidas. Não é algo que pai e mãe deve decidir por capricho ou de uma hora para outra. Pode ter certeza que se os pais já escolheram o nome do bebê e querem esse nome, não é sua opinião que vai fazer algo mudar. Mas ela pode ofender. Entra nisso as variantes "mas ainda não decidiu o nome??? Que absurdo, vai ficar chamando o bebê de nada??" "coloca o nome X, é lindo!!!!!! É moda!!!". Os pais novos no pedaço já têm muita pressão para você achar que pode colocar um pouquinho mais. E sugestões ok, são válidas, mas tenha tato para falar e não tente impor a sua opinião. Lembre-se sempre: você está lidando com um poço de hormônios.


3) Aproveita para dormir agora, porque depois nunca mais na vida você vai dormir.




Eu queria entender o tesão que as pessoas tem em falar esse tipo de coisa. Porque não vem em um tom de conselho legal de amigo que quer seu bem, sabe? Vem no tom de "se ferrou amigo, sua vida acabou assim que essa foi feita". E é um pouco frustrante, porque por mais sono que você tenha grávida, nem sempre dormir é uma tarefa muito fácil. Com o passar das semanas e o crescimento da barriga, achar uma posição confortável fica cada vez mais difícil. Sua bexiga parece um reloginho que não sabe o que é dormir até tarde no fim de semana: vai sempre te acordar naquela hora da madrugada. Algumas ainda acordam mortas de fome durante a noite. Fora toda a sua ansiedade e preocupações que passam pela sua cabeça. Então, dormir não é fácil desde então. Além de tudo, sono não é um negócio acumulativo. Eu posso até passar as 40 semanas dormindo sem parar num mode Bela Adormecida feat Branca de Neve, mas a partir do momento que o bebê nascer, vou sentir sono se passar mais de 24h acordada. Não tem como fazer estoque de sono, desculpa decepcionar a geral. 


4) Você vai comer/beber/fazer isso???


Vamos lá, deixa eu te contar um segredo: pelo menos uma vez por mês a grávida vai em um médico que se chama obstetra. Ele é especializado em mulheres grávidas e gestação. Nele, ela tira dúvidas do que pode ou não fazer. Além disso, nessa modernidade toda, existem inúmeros aplicativos e sites que tiram dúvidas sobre coisas da gravidez. Ela pode ter amigas que passaram por uma gestação recente. Ela tem mãe. Ela pode ter lido livros. Ou seja, amigo, se ela está comendo/bebendo/fazendo algo, ela tem a certeza de que pode fazer isso, ok? Ninguém nesse mundo se preocupa mais do que ela com a vidinha que ela está gerando. Pode dormir tranquilo quanto a isso.


5) Você TEM que fazer isso


Nesse "isso" entra qualquer coisa: você TEM que fazer curso de gestante, você TEM que comprar a roupa tal, você TEM que pintar o quarto dessa cor, você TEM que fazer tal simpatia, você TEM que comprar tal coisa, não, não, não tem. Não tem que fazer tudo isso e não tem que ter pressa para nada. Ela pode fazer as coisas que ela quer, que ela e o pai combinaram, do jeito deles, porque é o filho deles que está chegando. Não tente nunca impor a sua opinião, ela não é tão legal assim. Sugestões? Claro, pode dar. Principalmente se forem pedidas. Mas nunca, em hipótese alguma, imponha sua opinião ou coloque em cheque algo que ela diga que vai fazer porque não é do seu agrado. Aliás, leva isso para a vida, ok? Não imponha a sua opinião para ninguém, você não é dono do mundo.


6) Nossa, parto normal/cesárea? Por que? O melhor é cesárea/normal! Corajosa você!


Se tem uma coisa que você descobre só depois que entra no mundo da maternidade é que parto é um assunto polêmico. O que é uma coisa bem idiota, já que não deveria ser um tópico a ser discutido: deve ser feito o melhor para a mãe e para o bebê e fim de papo. Mas estamos em um país cheio de cesáreas desnecessárias e com o parto normal ainda gerando muita polêmica. Então não importa o que você diga que gostaria de fazer - mesmo que seja um "esperar o que é melhor para o meu bebê" - vão criticar. Se é cesárea você é louca, não deveria agendar. Se é parto normal você é louca, vai sentir dor, deveria agendar. Se é jogar nas mãos de Deus e do médico você é louca, deveria escolher e se preparar. Nós nos metemos tanto na vida alheia que conseguimos opinar até sobre a forma que ela chega ao mundo, já perceberam?


7) Seu casamento vai mudar completamente/ vai piorar/ seu marido não vai fazer nada/ vai sobrar tudo para você/ homem é tudo igual


Cadê o emoji com os olhinhos revirando essa hora? Essa entra naquele papo da praga do sono. Jogar praga alternativa no casamento alheio parece de praxe. Não importa o quão participativo seja seu marido, o quão colaborativo seja seu casamento, o quanto ele queria esse filho: as pessoas concluem que ele não vai fazer nada, que você vai fazer tudo sozinha (já entra naquela máxima que a responsabilidade é toda da mãe, né?) e que ele nem queria esse filho agora, você que quis. Não adianta falar que nem toda mulher é baby freak e nem todo homem é um machista folgado em casa. Eu nem discuto demais. Sorrio, adio o papo para daqui uns meses e vivo minha vida, porque se for debater também cada ponto da sua vida com os outros você não vive. A sua vida está realmente passando por transformações, quando você escolhe ter um filho já sabe disso, mas isso não significa que é tudo ruim. Nada é tão lá e nem tão cá. Mas pessoal tem uma dificuldade em enxergar o copo meio cheio...


8) Você não vai ter tempo para mais nada, sua vida vai ser só seu filho, você vai parar de existir.


E é por isso que temos por aí um monte de mulheres sem vida própria, que não cuidam da própria vida e vivem em função apenas dos filhos, não é? Menos gente. A vida é feita de fases. O bebê assim que nasce precisa muito da mãe - afinal, é sua fonte de alimento e aconchego - e se escolhemos trazer novos seres humanos para o mundo, sabemos que precisamos nos dedicar a eles para terem uma vida digna. Isso não significa se anular. É só uma nova fase da vida que você chegou. Sua vida agora tem um complemento muito do fofo, que vai chorar por você, precisar de você, te cansar, te alegrar, mas foi uma escolha sua. Você ainda continuará vivendo, mas são novas etapas da vida e uma rede de apoio - além de obviamente do pai da criança, que é responsável por 50% dela hahahaha - faz toda a diferença nessa hora. E nada como uma novidade para deixar a vida mais feliz, não é?




Vamos criar um ambiente de harmonia e calma para as mulheres grávidas? Vamos ter mais empatia e sororidade? Vamos acolher essa nova mãe que está chegando no mundo com conselhos positivos, sem imposições e julgamentos? Vamos gente. É preciso de uma aldeia para cuidar de uma criança, mas essa aldeia precisa desde o princípio apoiar a mãe. Principalmente se não quiser apanhar de grávida no meio da rua. Olha que a gente tem uns dias bem loucos viu.




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